Foto: Vera Iris Paternostro Culpada! Quando ouvi, de longe, Daniel Barenboim dedilhando uma sonata de Beethoven, fui até a ilha de edição. Lá estava ela, a culpada, com lágrimas nos olhos, fungando e tudo. No corre-corre de um canal de tevê, havia – acreditem! – espaço tanto para o talento argentino como para um artista plástico desconhecido da periferia carioca. Porque a culpada não estava nem aí para o que era televisivo ou não, embora fosse uma mulher essencialmente de televisão. Se algo lhe causasse emoção, por que não espalhar essa emoção? Embora meiga, com a voz sempre doce, serena e baixa, minha amiga tinha fortes convicções. Se alguém duvidasse da audiência de um programa muito denso, dane-se a audiência. E lá estava nossa Quixote a empunhar sua espada. Não havia ali nenhuma arrogância, mas sobrava ironia. “O problema, meu amigo, é que as pessoas não querem escutar os outros. Elas gostam de ouvir as próprias vozes”, dizia. Theresa...