Abril de 1988. Depois de uma derrota para o Fluminense, o técnico Pinheiro chegou muito irritado em Marechal Hermes. No centro do gramado, reuniu todo o elenco. Em vez de analisar a lamentável atuação do time, preferiu intimidar os jogadores. “Você já viu o Félix jogar, Gabriel?”, perguntou ao goleiro. “E você, Mauro Galvão, já ouviu falar no Sebastião Leônidas?”, indagou, citando o último zagueiro campeão pelo clube, em 1968. Todos ouviam a bronca em silêncio. Até Pinheiro se dirigir a Carlos Alberto Santos. “E você, Carlos Alberto, conhece o Andrade?”, continuou a provocação, com ar absolutista. Um pouco distante, Paulinho Criciúma levantou o braço. “Pode falar, Paulinho”, consentiu. “Seu Pinheiro, o senhor pode criticar todo mundo, menos o Carlos Alberto. Durante o jogo, só demos dois chutes. Os dois chutes foram dele”, disse Paulinho, cheio de coragem, para surpresa dos companheiros. Nascia ali o embrião da nossa taça, que levantaríamos pouco mais de um ano...