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Mostrando postagens de outubro, 2024

O AMIGO QUE PERDI

       Parecia Natal. O ambiente – igrejas seculares, procissões cantadas,  mulheres de véus com terços nas mãos – tudo remetia aos céus. Mas não era Natal. Naqueles dias de Páscoa, apenas uma imagem fazia lembrar o nascimento de Jesus. A imagem do senhor de camisa vermelha, baixo, gordinho, cavanhaque branco, meio encurvado, poderia confundir uma criança, que facilmente abriria um sorriso para aquele papai Noel dos trópicos. Num jardim bem cuidado na Colônia, em São João Del Rey, podíamos observar um mineiro típico, embora aquele que seria um grande amigo – vim a saber depois – não tivesse nada de mineiro. Um copo de cerveja e outro de cachaça, cuidadosamente deixado ao alcance da mão, e a prosa corria frouxa. Ali, naquela tarde, o pequenino Antônio recém-batizado, teve que dividir as atenções, Seu avô foi também o astro.        Dos barcos do Clube do Remo às aventuras de um posto de gasolina, aquele gordinho careca tinha muito o que co...

SALDANHA VISITA MUSEU DO ÍNDIO

       De volta ao estádio Mario Filho como mandantes, torcedores do Botafogo discutem qual o melhor setor para assistir o jogo contra o Criciúma, na sexta-feira, 18 de outubro: o acesso pela estátua do Bellini ou pela rampa da UERJ, a opção pelo antigo portão 18 ou pela entrada ao lado da Aldeia Maracanã, que já abrigou o Museu do Índio.      O museu me fez lembrar de uma cena cômica. Na década de 1970, um torcedor, a caminho do Maracanã, se encontrou com o jornalista João Saldanha.  “Saldanha, você por aqui? Veio ver o jogo?”, perguntou. João, sem paciência, devolveu, de bate-pronto. “Não. Vim visitar o Museu do Índio”.

SATURNINO, O FÃ DE HELENO

     A democracia engatinhava. Naquela época, mesmo aqueles que não votavam, participavam de campanhas. Era minha segunda incursão nas panfletagens. A estreia tinha sido três anos antes, na eleição de Leonel Brizola. Em 1985, lá estava eu, pertinho de casa, batendo ponto no comitê de Saturnino Braga em Santa Teresa. Vez por outra, ele passava por lá a bordo de seu Fusquinha, acho que azul. Mais uma vitória do PDT, numa surra que fez o almofadinha Rubem Medina passar vergonha.      Anos depois, entrou num restaurante acompanhado da mulher. Ao passar por mim, parou. “Você sabia que cheguei a ver o Botafogo usando essa camisa em General Severiano?” Eu estava vestido com uma camisa retrô, com o escudo do Football Club, ainda sem a famosa estrela solitária. “Ainda vi o Heleno em ação!”, gabou-se. “Que privilégio, senador. Heleno foi o jogador que mais amou o Botafogo”, lhe disse. “Eu sei disso. Por essa e outras razões, como a vontade de vencer, ele é, até hoje,...