João Gilberto era Vasco. Mas não torcia pelo Vasco. “Tô nem
aí pra esse negócio de futebol”, fala, com desdém, em conversa com amigos
dentro de um carro, que rasga as ruas numa madrugada fria de São Paulo. “Eu
gosto de boxe”, continua. A moçambicana Maria do Céu Harris, mulher de João,
continua. “Boxe o João grava...”. O cantor a interrompe, revelando outra
vocação, a de arquivista de vídeos. Além dos exercícios constantes e obsessivos
ao violão, deixa a TV ligada todo o tempo, sem som, atento a qualquer imagem
que possa enriquecer o acervo. “Toda fita que você vê ali é boxe. Não tem nada
que não seja boxe”, diz, pra logo se corrigir. “Tem sim, a morte de Drummond.
Morreu hoje a poeta Drummond”, João imposta a voz, imitando um locutor de TV.
“Isso eu gravo. Nara [n.e.: Leão, cantora, morta em 1989]. Isso eu tenho lá.
Fora isso, é boxe. Gosto tanto!”, diz João, fechando os olhos, plenos de
admiração. A paixão por boxe é tanto que João guarda uma luva de Muhammed Ali,
uma lenda do esporte.
Vídeo: JOÃO GILBERTO, O GÊNIO EM SUA ESSÊNCIA (VOLUME 1) | Especial
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