
Marquinho, sempre de camisa regata, não consegue ficar
parado. No último lance das arquibancadas da Oeste Inferior do Nilton Santos,
se movimenta para todos os lados. Quando há perigo, acompanha o ataque
adversário, como se quisesse incorporar o espírito do zagueiro que batiza nosso
estádio. Nos ataques, olhos rútilos, nada convidativos para quem ousa
cumprimentá-los, a esperança de uma arrancada
do Junior Santos acabar com a bola nas redes.
Pois ontem, num jogo aparentemente fácil, Marquinho, tal
qual os peripatéticos discípulos de Aristóteles, deve ter andado bons
quilômetros, tamanhos eram os perigos que rondavam a nossa área. Uma caminhada,
diga-se, completamente necessária. “Temos que resolver logo isso. Pode ficar
complicado depois”, filosofa Pepa Selva. Ele estava com a razão. O Botafogo
podia ter resolvido o jogo no primeiro tempo.
Enquanto o peripatético Marquinho cumpria sua meia-maratona,
Alexandre preferia se exilar no anel externo no estádio, a pretexto de comprar
mais um copo de cerveja. Por que temos a impressão de que o tempo passa mais
rápido quando não estamos vendo o jogo? O nervosismo acabou aos 33 minutos.
Mas, mesmo a 12 minutos do apito final, o autoexílio de Alexandre e as
caminhadas de Marquinho continuaram. Porque, apesar da vitória, nunca sabemos
se estamos indo para o jardim do Éden ou rumo ao inferno. Porque, depois de
2023, prudência não faz mal a ninguém.
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