Jayme Ovalle e Fernando Sabino estavam em Manhattan. Nessa época, Vinicius de Moraes servia no Consulado do Brasil em Los Angeles. No programa MPB Especial, da TV Cultura, em 1973, Vinicius conta a Fernando Faro como foi esse encontro. “Fernando esteve com ele [Ovalle] e perguntou ‘você esteve com Vinicius?’ E ele [Ovalle] ‘eu estive, eu estive. Ele [Vinicius] tá mais gordo e está dando passarinho, como se eu fosse uma árvore’”, contou Vinicius a Faro.
Despachante de alfândega, Jayme Ovalle servia na Delegacia do Tesouro do governo brasileiro, em Nova York. O escritório funcionava no Rockefeller Center. Num dia de tempo muito fechado, as nuvens invadiram todo o seu andar. Ovalle não pensou duas vezes. Ligou para o hotel onde estavam hospedados Vinicius de Moraes e Fernando Sabino. “Venham pra cá, venham pra cá urgente, que eu estou no céu”, convidou os amigos. Fernando, curioso e agitado que era, foi lá conferir.
Agitação e curiosidade faziam mesmo parte de Fernando Sabino. Pude comprovar essas características no Carnaval de 1995. Convidado por Mariana, filha de Fernando, fui a uma apresentação de jazz, no Mistura Fina, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Fernando, baterista nas horas vagas, faria uma participação especial. Fino anfitrião, foi à nossa mesa. Agradeceu nossa presença e conversou um pouco. Comigo quis saber sobre as chances do nosso Botafogo nos ‘campeonatos vindoiros’, palavras dele, ditas entre risos. (Que saudade do sorriso dele!) Simpático à quinta potência, puxou conversa com minha namorada que, na época, fazia mestrado em Literatura. Adriana perguntou a ele como era o Jayme Ovalle. O rosto de Fernando se transformou. “Como é que você conhece o Jayme Ovalle?”, perguntou. Emocionado, disse que Ovalle tinha sido uma das pessoas mais inteligentes que conheceu. “Ele tinha ideias lindas. Era um poeta”, declarou, para logo ir ao palco, baquetas à mão, encarar sua bateria.
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