Poucas vezes discordei de Marcelo Sá Corrêa; talvez uma só. “Não entendo, Paulinho, como você não gosta de matemática. Com ela é mais fácil entender o mundo”, me disse, certa vez. Eu não entendo muito bem essa teoria (afinal, não fui aluno do Marcelo), mas tirei dela e tiro desde a última quinta-feira, um consolo. Como foi dito, fui péssimo aluno de matemática, que já me fez repetente algumas vezes. Talvez nosso amigo tivesse razão. Não pelo amor aos teoremas, às equações, às raízes quadradas, mas pela soma. E pelas subtrações.
Marcelo somou amigos, carinhos, amor, solidariedade. E, durante sua permanência entre nós, tentou subtrair injustiças e tristezas. Nos últimos tempos, andava feliz da vida com o seu, o meu, o nosso Botafogo, campeoníssimo de tudo. O triunfo do Glorioso foi para ele não um tango argentino, mas um samba na voz do seu amigo querido Nelson Sargento. Porque samba também era uma de suas paixões.
Por uma feliz coincidência, fazemos aniversário do mesmo dia. E os próximos ‘cinco de fevereiros’ não serão mais os mesmos. Não trocarei mais saudações com o homem que não calculava afeto e amizade. Ele nos oferecia tudo isso. Para mim, a soma dos quadrados dos catetos não é igual ao quadrado da hipotenusa. Para mim, os quadrados de Marcelo Sá Corrêa, somados, buscaram sempre um mundo melhor. Nisso ele também era um mestre.
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